Amassadinhos doces, sucos… muitos pais optam por cardápios desse estilo na hora de começar a introduzir novos alimentos na vida do bebê.
Porém, será que é necessário limitar-se aos alimentos amassados ao invés de explorar novas texturas?
A introdução alimentar é recomendada para bebês a partir dos 6 meses de idade, independentemente de ainda mamarem no peito.
Se você possui dúvidas a respeito da amamentação, aconselho também a leitura do artigo Será que meu bebê está mamando o suficiente?
Existem métodos que podem ser bons companheiros para esse processo. O mais importante, além de escolher um método, é entender a complexidade dessa fase e assimilar o que funciona para você, sua família e seu contexto.
Para enriquecer a leitura desse artigo, deixo esse artigo onde falei um pouco sobre esse assunto: Como iniciar a alimentação complementar do seu bebê.
Agora, vamos falar um pouco desses métodos?
Método de Introdução Alimentar Tradicional
Sem dúvidas existem muitos mitos ao redor deste método. A introdução alimentar aqui acontece quando, literalmente, o leite materno não é suficiente para sozinho atender às necessidades nutricionais do bebê.
A alimentação complementar deve ser:
- Oportuna: todas as crianças devem receber alimentos além do leite materno a partir dos 6 meses de idade;
- Adequada: os alimentos devem ser dados em quantidade, frequência, consistência e usando uma variedade de alimentos que cubram as necessidades nutricionais do crescimento.
Lembrando que a amamentação deve ser mantida! Neste método é aconselhável que o preparo dos alimentos seja “apropriado” para a criança. Ou seja, recomenda-se alimentos amassados e com o aspecto conhecido de papinha.
Muitos bebês tardam a aceitar a introdução da alimentação sólida, porém, vamos compreender seu contexto?
Durante seis meses seu único alimento foi o leite, líquido com gosto ímpar. Hoje, ele precisa aventurar-se em novos sabores, texturas, cheiros e por aí vai.
Nesse momento, se você estiver optando por esse método, lembre das dicas:
- Não se desespere com as possíveis retaliações do bebê (prato no chão, não aceitar a comida). Mantenha a calma!
- Ofereça sistematicamente os alimentos. Ou seja, todos os dias no mesmo horário.
- Ofereça os alimentos amassados com o garfo. Não liquidifique ou tire todas as granulações, visto que alimentos batidos e/ou peneirados possuem baixa densidade energética e perda nutricional alta.
- Se o bebê ficou irritado, não force! Não insista! Impeça que o momento da alimentação se torne um momento de tortura. Comida deve ser sinônimo de prazer, sempre!
O Mito do Leite Fraco
Dentre muitos mitos da introdução alimentar, o mito do leite fraco certamente é muito conhecido. De alguma forma, a cultura popular reforçou a ideia de que o leite não nutre depois de um certo tempo e que, por isso, a criança precisa comer apenas outras coisas.
Essa crença leva os pais ao esforço absurdo de forçar a criança a comer a qualquer custo.
A indústria certamente se aproveita dessa situação, criando cada vez mais produtos alimentícios de fácil aceitação – como as conhecidas farinhas para engrossar o leite ou até mesmo as papinhas industriais.
Nem preciso dizer para fugir desses elementos, não é mesmo?
O que precisamos é de mais conhecimento!
Não, o leite não vira água após os seis meses. O leite materno é capaz de suprir mais da metade da necessidade calórica de um bebê até um ano.
Ou seja, a alimentação complementa o leite. Não o contrário!
Certamente o momento da introdução alimentar é um momento de grande aprendizado para todos os envolvidos! Se a amamentação possui o poder de aliar alimento com afeto, a condução da colher para a boquinha também deve carregar os mesmos significados.
Paciência e suavidade são elementos essenciais neste processo. A maneira como conduzimos a introdução alimentar da criança poderá afetar a curto, médio ou longo prazo suas atitudes (favoráveis ou não) a respeito dos alimentos.
Sobre isso, vamos ao próximo método de introdução alimentar! Ainda não muito convencional, porém com muito potencial:
Baby Led Weaning (BLW) ou “Desmame que o bebê lidera”
Essa técnica consiste em oferecer comida em pedaços, permitindo também que o bebê se sirva sozinho.
Trata-se de oferecer a comida picada aos bebês, em formas e tamanhos que eles consigam pegar com as mãozinhas e levá-los à boca. Dessa forma, a criança se alimenta do que quiser e na velocidade que preferir.
Como resultado, temos uma alimentação sem pressão por parte dos pais – o que incentiva maior confiança, desperta a curiosidade e, especialmente, torna o momento muito mais delicioso.
Isso retorna ao que já comentamos anteriormente: comida deve ser sinônimo de prazer!
Os bebês aprendem fazendo, são movidos por curiosidade. Assim, explorando e manipulando os alimentos, talvez sintam mais proximidade e interesse em degustá-los.
Entre as principais vantagens deste método, é ressaltado o incentivo à mastigação – essencial para o desenvolvimento motor da criança – e a autonomia do bebê na descoberta dos novos sabores e discriminação entre frutas e legumes.
Você já imaginou que talvez o bebê não sinta muito prazer em comer os alimentos misturados em uma papinha? E, sobretudo, que comê-los separadamente talvez seja a melhor maneira para conhecê-los?
Sem contar que os alimentos inteiros possuem propriedades importantes, como as fibras que auxiliam no bom funcionamento intestinal.
Talvez a alimentação BLW seja a mais apropriada para o ensinamento de comer vagarosamente, combatendo compulsões e até mesmo obesidade infantil.
Sem contar que, talvez, reconhecendo os alimentos e interagindo diretamente com eles, as crianças tenham mais capacidade de desenvolver o hábito de comer de maneira saudável.
Como conduzir o método BLW com segurança?
Em primeiro lugar, é importante compreender que talvez nem toda criança esteja preparada para esse despertar. Principalmente porque são necessárias algumas medidas simples de segurança e a certeza de que a criança consegue permanecer sentada.
Para que a criança seja adepta desta prática alimentar, recomenda-se características chamadas de “fatores de prontidão”, como:
- O bebê necessita estar sentado em um suporte e ereto na cadeira de alimentação;
- Coordenação do movimento mão-boca;
- Interesse por objetos e pegar objetos;
- Presença de movimentos mastigatórios;
- Movimento de pinça nos dedos;
- Interesse pelo prato dos adultos.
Sem dúvidas a participação do bebê nas refeições em família é um grande benefício desta técnica, trazendo muito mais amor para o momento da alimentação. É importante ressaltar que muitas mães optam pelo mix de métodos, intercalando alimentos do BLW com amassados na colher.
Talvez essa escolha esteja na segurança de estar oferecendo um número maior de nutrientes, e tudo bem! Toda mãe sabe que está fazendo seu melhor para o pequeno.
Finalmente, sei que uma dúvida muito grande pode estar surgindo em relação ao método BLW:
E se o bebê engasgar?
Em primeiro lugar, o bebê pode engasgar com qualquer tipo de técnica de introdução alimentar – até mesmo com o leite.
Por isso, por mais autonomia que seja concedida para a criança, os pais precisam estar atentos e apenas evitar alguns alimentos “engasgantes” como tomate cereja ou ovo de codorna.
Também aconselha-se retirar cascas, caroços e sementes. O mais indicado sempre será legumes cozidos, mais macios e fáceis de serem consumidos.
Retornando, em relação a possibilidade de engasgo, até por volta dos seis meses o bebê não tem condições motoras para estabilizar seu corpinho em “linha média”, o que é essencial para garantir o movimento mandibular e, consequentemente, movimentos necessários para a mastigação.
Por esse motivo, bebês que iniciam precocemente sua alimentação sólida necessitam que ela seja feita via alimentos pastosos. Ou seja, se a criança não apresentou ainda prontidão de manter-se sentada, seria mais recomendável aguardar mais um pouco para iniciar a BLW.
O mais importante é que seja com segurança, assim, qualquer método será bem colocado na saúde do bebê.
É preciso dar oportunidade para o bebê. Se não houver motivos, não impeça o desenvolvimento da sua autonomia! Quando o bebê é o responsável pelo alimento em sua boca, ele possui total controle da situação.
Lembre que no processo de introdução alimentar tradicional, quem comanda é o adulto. Por isso, é possível que alguns erros sejam cometidos por simples falta de interpretação dos sinais que o bebê está emitindo.
É bem possível que o bebê engasgue, por exemplo, se tentarmos dar uma colherada enquanto ele ainda tem comida na boca. Parece um exemplo bobo, porém, acontece.
Ou seja!
A alimentação complementar é muito importante e irá acontecer, de uma forma ou outra. Cabe aos pais reconhecerem a participação ativa do bebê neste processo, possibilitando que ele dê seus sinais.
O essencial é lembrar que é melhor oferecer sempre comida de verdade, fugir dos produtos alimentícios vazios de nutrientes e, sempre, associar muito amor neste processo!
Tenho certeza que essa etapa irá passar de maneira tranquila e espero que eu tenha trazido exatamente o que você precisava ler!
Para saber mais a fundo sobre introdução alimentar nos primeiros anos de vida acesse a minha palestra BEBÊ VITAMINADO AQUI!
Com Amor,